EU, EGOÍSMO E VAIDADE
EU, EGOÍSMO E VAIDADE
“Conhecer os outros é sabedoria,
conhecer a si mesmo é iluminação.”
Lao Tzé (570-490 a.C)
Algumas das grandes questões que
os humanos se propuseram ou propuseram aos outros (o que é sempre mais fácil): Quem
sou eu? De onde vim? Para onde vou? Porque ou para quê estou aqui? E por aí
vai... A curiosidade de Pandora vive em nós.
EGO
É uma patologia do espírito...
Três letras que representam tudo
que há de ruim e de pior no ser humano.
O tamanho do seu ego vai definir
o quanto você está mais próximo ou mais distante do seu bem-estar e da sua
prosperidade. O ego não é dono da consciência, é seu objeto. É o sujeito do
pensamento apenas na medida em que ela crê ter um, e é por isso que não é nada.
Ser egocêntrico é colocar-se no
centro de tudo. O egoísmo é uma falta; o egocentrismo é uma ilusão ou um erro
de perspectiva. É o ponto de vista da criança e do imbecil.
O egoísmo não é o amor a si, é a
incapacidade de amar outra pessoa, reconhecê-la, respeitá-la.
Expressões inconfundíveis:
Eu consigo. Eu fiz. Eu mando. Eu
posso. Eu preciso. Eu quero.
Esses indivíduos ignoram que o
mundo, a vida o trabalho é feito por “nós” ... muitos “nós”.
Heráclito (aprox. 550 – 480 a.C.)
já pensava que “o uno é múltiplo”.
O eu, como objeto filosófico
aparece em Descartes (1596-1650), quando, a partir da sua dúvida metódica, ele
estabelece como a primeira verdade do espírito a do eu que pensa.
Locke (1632-1704) introduziu na
reflexão filosófica moderna a questão da identidade pessoal: “Dado que a
consciência sempre acompanha o pensamento e é isso que faz cada pessoa ser o
que ela chama de eu, e assim ela se distingue dos outros seres pensantes,
somente nessa consciência consiste a identidade pessoal, isto é, a identidade de
um ser racional.”
Para Nietzsche (1844-1900), a
unidade absoluta do eu é uma quimera, uma instância metafísica. O eu é uma
construção, é algo que se constitui no tempo e no espaço, embora isso não
queira dizer que não exista a singularidade. Os seres são diferentes entre si.
Para fins desse artigo, adotamos
que EU e EGO significam igualmente o sujeito do conhecimento consciente de si
mesmo; núcleo de consciência e agente responsável pelo agir moral.
A Filosofia nos proporciona o
Princípio de Individuação, pelo qual uma determinada entidade existente possui
além de suas propriedades genéricas, as características específicas e concretas
que o singularizam.
O pensamento zen oriental nos dá
uma orientação muito interessante, para a qual nem sempre atentamos.
“Se um problema não tem solução,
não se preocupe, porque ele não tem solução. Se um problema tem solução, não se
preocupe, porque ele tem solução.”
Poderia parar por aqui.
Mas o pensamento é dinâmico,
inquieto e nos incomoda de forma que frequentemente a questão retorna: quem sou
eu? O pertencemos a uma espécie que poderia ser denominada Homo Curiosus, de
vez que o questionamento é parte integrante, indispensável da vida humana. Um
sentido básico da curiosidade move nossos pensamentos diários. A maioria dos
nossos pensamentos se refere a nós mesmos e ao mundo. E sabemos hoje que não
poderia existir o progresso sem o questionamento.
Refletindo sobre a questão, se
nós somos obras de nós mesmos, algumas aprendizagens.
Primeira. Em que pese o longo
discurso da individualidade, sou um produto do universo, cuja matéria prima me
constituiu. A ciência afirma que temos na nossa constituição físico – química
os mesmos ingredientes que as estrelas. Poeticamente, ‘poeira de estrelas’.
Segunda. Por mais que me empenhe
em circunscrever-me como uma unidade, percebo que sozinho não sou nada,
verdadeiramente impotente e insignificante. Se alguém não me ensinasse a
escrever, a organizar as idéias num texto, isso não estaria aqui. Alguns
egoístas podem afirmar: mas eu aprendi, e desprezam, isolam, esquecem quem
ensinou. Isso já nos proporciona em boa medida para refletir sobre autonomia.
Podemos também lembrar coisas básicas da nossa vitalidade e dependência. Não
nascemos sozinhos. Quando nascemos, se fossemos deixados aos cuidados da
natureza, nenhuma chance teríamos, de vez que somos dependentes de nossos pais
sabe-se lá por quanto tempo; estudos recentes asseguram que os seres humanos
deixam a casa dos seus pais cada vez mais tarde.
VAIDADE é uma forma,
particularmente ridícula, do amor próprio. É o ser cheio do vazio de si;
glorificar-se do que se imagina ser, é admirar em si o que se imagina que os
outros admirem; ou querer que os outros admirem o que se admira em si mesmo.
Por essas e por outras, quando te
disserem “não existe só você no mundo”; “você não é o único no mundo”,
acredite, é a mais pura verdade.
Aprendizagens possíveis:
§ Eu
não. Nós fazemos as coisas.
§ “O
egoísta não se comporta como se estivesse só no mundo, mas está tão absorvido
pelo seu eu social, que se apega somente aos seus próprios valores ou àqueles
que podem tornar-se seus”. (Abbagnano, pág.360).
§ “A
partir do dia em que começa a falar em primeira pessoa, o homem passa a por seu
querido eu adiante de tudo, e o egoísmo progride incessantemente, sub-reptícia
ou abertamente, (por sofrer a oposição do egoísmo dos outros)”. Immanuel Kant
(1724-1804)
§ “Aquele
que acredita encontrar em si mesmo o suficiente para não precisar de mais
ninguém, se engana muito; mas aquele que acredita que todos precisam dele, se
engana muito mais”. La Rochefoucauld (1613-1680)
LUIZ CARLOS MORENO.
Consultor de desenvolvimento
humano (Educação. Filosofia. Recursos Humanos)
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