AS PALAVRAS EM QUE SE PODE CONFIAR NÃO SÃO BELAS - TAO TE KING 81








Quem discute e compete está imbuído do carácter dualista do pensamento que nos fasta da «clareza» e do Tao, que se situa antes e fora de qualquer diferenciação. Se outra pessoa não nos quiser escutar, será melhor ficarmos calados, tentando simplesmente entender bem a situação e quem é o outro. O mérito de uma pessoa sábia não resulta de uma simulação de conhecimento ou de vitórias em disputas.
Nos seus comentários ao Tao Te King, Wang Pi (século III d.C.) diz que ter Virtude é receber e que, por isso, quem tem Virtude está constantemente a receber e não precisa de poupar ou armazenar o que obtém porque nunca o deixará de receber. Quanto menos substância uma árvore armazenar menos se afastará da sua raiz. Por isso, acumular afastar-se da raiz, ou seja, do Tao. Contentar-se com o que se tem é regressar à raiz.
A expressão «Tao do Céu» refere-se à dinâmica dos fenômenos naturais, ou seja, ao modo de agir» da natureza.
 “As palavras em que se pode confiar não são belas.     
Em palavras belas não se pode confiar.
Quem é qualificado não entra em disputa                     
Quem entra em disputas não é qualificado.
Quem sabe não é erudito.
Quem é erudito não sabe.
Quem é sábio nada armazena      
porque o que faz aos outros
por si só faz com que tenha cada vez mais.
Porque o que partilha com as pessoas
por si só faz com que tenha mais que muito”.

TSE, Lao. Tao T King. Livro do caminho e do bom caminhar. Trad. António Miguel de Campos; Lisboa: ed. Relógio D´Água, 2010. p.167

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