FILÓSOFO EM CINCO MINUTOS - GERALD BENEDICT

 BENEDICT, Gerald. Filósofo em 5 minutos. - Rio de Janeiro: BestSeller, 2014


[...] uma das desvantagens da vida atual é que não conseguimos nem enxergar a necessidade de breves períodos de solidão nos quais seria possível mergulhar nas perguntas desafiadoras e remodelar a vida por meio da reflexão. p.14


A diferença entre conhecimento e crença é importante: o conhecimento está mais preocupado com a certeza, e a crença com a confiança. Adquirir conhecimento é da natureza da mente, enquanto ter crenças e um estado de espírito. p.16


"Em escala cósmica, nossa vida é insignificante, mas este breve período em que aparecemos no mundo é o momento em que surgem todas as perguntas significativas". PAUL RICOEUR (1913 - 2055) p.18


A dificuldade da nossa existência gira em torno de a vida ter ou não significado e propósito, sejam eles determinados pela genética ou algo a ser descoberto por conta própria. p.18


A espiritualidade não se baseia na autoridade creditada a fontes textuais de alguma religião ou no conservadorismo da tradição recebida. Em vez disso, ela aborda o milagre do mundano. p.19


"Filosofia são as questões que podem não ter resposta. Religião são as respostas que não podem ser questionadas". Autor não citado p.20


p. 21 - Conhecimento: o que sabemos é compilado de várias fontes e adquirido por vários meios. Em sua forma mais simples, o conhecimento é uma soma de fatos ou habilidades obtidos por meio do aprendizado e da experiência que podem ser práticos (saber “como”) ou teóricos (saber “que”). Pode ser geral ou especializado e inclui tanto as respostas que damos a ideias abstratas quanto o discernimento obtido a partir delas. Para algo ser conhecido tem que ser verdadeiro e se basear no que Platão (428-347 a.C.) chamou de “crença verdadeira justificada”. A diferença entre conhecimento e crença é importante: o conhecimento está mais preocupado com a certeza, e a crença com a confiança. Adquirir conhecimento é da natureza da mente, enquanto ter crenças é um estado de espírito. Usar o conhecimento como indicador do que não sabemos nos motiva a saber ainda mais.


p.21 - "Não há crença, por mais imbecil que seja, que não terá seguidores cheios de fé prontos a defendê-la até a morte". ISAAC ASIMOV (1920 - 1992).


p. 22 - Nossa sociedade não foi determinada, ela se desenvolveu de modo semelhante a um jardim nas mãos de projetistas dinâmicos. Mas, ao contrário de um jardim, a atmosfera da sociedade ocidental como um todo não é de quietude, e sim de estresse, ansiedade e incerteza.


p. 22 - "Ética não é mais do que reverência pela vida. É o que me dá o princípio fundamental da moralidade, nomeadamente que o bem consiste em manter, promover e melhorar e que destruir, ferir e limitar a vida é o mal". ALBERT SCHWEITZER (1875 - 1965) 


p. 23 - "A felicidade não é para nada. Porque nada importa além dela. Porque ela, por ela não leva a nada. Nem pretende. Porque não é caminho para nenhuma outra coisa. Não é meio. Nem instrumento. É o fim da linha. Tudo que queremos desde o começo"


p.28 - Conhecer a si mesmo é a curva de aprendizado mais importante de um indivíduo.


A sabedoria pode ser pensada como uma compreensão profunda de tudo o que uma pessoa sabe, aplicado a pessoas, situações, escolhas e julgamentos. p.29


A necessidade de saber move a evolução humana. p.31


Aprender é um processo que nos deixa humildes.p.31


As vezes pode ser útil questionar em vez de apenas aceitar o que lemos e ouvimos. p.32


p.32 - A "certeza" do que sabemos não é necessariamente determinada pela quantidade de pessoas que têm a mesma opinião, pois a maioria pode estar profundamente errada. p.32


p.33 - Os filósofos gregos céticos alegavam que o conhecimento jamais deve equivaler à certeza, apenas à probabilidade. Eles têm uma palavra para essa visão: “acatalepsia”, que parece nome de doença.


p. 39 - O que precisamos saber é determinado pelas lacunas em nosso conhecimento. 


Sabedoria: a capacidade de fazer o melhor uso do conhecimento. p.40


p. 42 - A sabedoria não reside apenas nas faculdades mentais da razão e inteligência, ela também se baseia em emoção, vontade e espiritualidade. 


p. 42 - A causa de toda esperança é sempre um conteúdo agradável de consciência. Que supera o imediatamente vivido. 

p. 42 - “A sabedoria não permite que nada seja bom para sempre, que nenhum homem precise de outra felicidade além da que tem dentro de si, que nenhum homem seja grande ou poderoso se não for mestre de si mesmo.” SÊNECA, O JOVEM (3 A.C – 65 D.C)

Quem eu sou também é determinado pelo ambiente, pela educação e pelos relacionamentos. p.45


p. 45 – 46 Quem sou eu?

Uma forma óbvia de responder a essa pergunta é examinando a própria ascendência e o histórico familiar, o tipo de investigação feita pelo popular programa de TV britânico sobre genealogia Who Do You Think You Are?. Normalmente, não valorizamos a nossa história genética. Podemos atestar as semelhanças físicas com o pai e a mãe ou observar os traços visíveis dos irmãos que passam às próximas gerações como marcas familiares. Mas a pergunta nos leva além do parentesco e da herança genética. Quem eu sou também é determinado pelo ambiente, pela educação e pelos relacionamentos. A questão da identidade está claramente aliada ao autoconhecimento. Nós nos definimos pelo que sabemos a nosso respeito, e a forma pela qual as outras pessoas nos percebem contribui para isso. Enquanto esperava execução pelos nazistas, Dietrich Bonhoeffer (1906-1945) escreveu um poema intitulado “Quem sou eu?”. Mesmo na prisão militar onde estava confinado, Bonhoeffer parecia estar em paz consigo mesmo, mostrando-se cordial com os guardas e no comando de suas emoções, embora internamente estivesse atormentado devido ao seu destino e o dos amigos. O poema pergunta se o autoconhecimento reflete o que as outras pessoas dizem sobre nós ou “só o que eu mesmo sei”. A única certeza, considerando as convicções luteranas de Bonhoeffer, era o fato de ele pertencer a Deus. O nome não faz nenhuma afirmação sobre quem somos, é meramente um rótulo colado numa pessoa: Eu sou David, eu sou Maria, oferecendo apenas um ponto útil de referência. A profissão também é apenas descritiva: saber que você é dono de loja ou médico pode indicar alguns aspectos de quem você é devido ao papel que exerce, mas não faz nenhuma afirmação essencial. Também não podemos definir quem somos a partir da soma total da experiência de vida em algum momento. Quem sou eu? “Sou budista tibetano” diz algo sobre você, “estudei na Inglaterra” revela um pouco mais, e “agora estou morando na Alemanha” acrescenta algo ao quadro geral, mas é tudo o que temos: um quadro. “Conhecer os outros é sabedoria, conhecer a si mesmo é iluminação.” LAO TZÉ (570-490 A.C) Para responder à pergunta, devemos levar em conta mais do que o corpo e suas circunstâncias, e alguns podem sustentar que a mente e/ou alma é o ponto principal. Isso nos leva às águas profundas do dualismo mente/corpo. Eles são entidades separadas como propôs René Descartes (1596-1650) ou são aspectos diferentes de um único ser? Em sua Meditação 17, John Donne (1572-1631) escreveu a famosa frase: “Nenhum homem é uma ilha, isolado em si mesmo”, e é possível dizer com certeza que a pergunta “Quem sou eu?” pode ser respondida apenas em termos dos nossos relacionamentos, visto que, como afirmou Martin Buber (1878- 1965), “no começo é relação”, portanto, “toda a vida verdadeira é encontro”


p.47 - KARMA significa ação, mas está ligada tanto às nossas intenções quanto aos atos. Tudo o que pensamos, fazemos e dizemos tem consequências. 


p.48 - O karma não procura explicar o mal e o sofrimento, e sim mostrar que para cada ação existe uma reação e que temos controle sobre a vida. O fato de sermos seres em evolução implica a necessidade de mudança. Tal mudança é ocasionada pelas escolhas que fazemos. 


p.53 - A maioria das pessoas tem vários talentos, mas devido a escolhas específicas, geralmente feitas na juventude, a gama completa de possibilidades acaba se perdendo. a mesma pessoa poderia ter sucesso em várias carreiras diferentes e cada uma teria moldado o "eu"  de uma determinada forma. O "eu" que emerge como dominante é moldado por essas escolhas, mas os outros "eus" permanecem e geralmente assumem o palco por alguns instantes. O fundamental para a felicidade é escolher o núcleo ou "eu" verdadeiro mais realizado. 


p.54 - Sem dúvida a autoimagem influencia consideravelmente como vivemos, mas a impressão que temos da nosso respeito pode ser muito diferente da impressão que outras pessoas têm de nós. 


"O indivíduo sempre teve que lutar para não se deixar dominar pela tribo. Ser dono de si é uma tarefa difícil. Se o tentar, você se sentirá sozinho e às vezes terá medo. Mas nenhum preço é demasiado alto pelo privilégio de ser dono de si". RUDYARD KIPLING (1865 - 1936) p.59 


"Egoísmo não é viver à nossa maneira, mas desejar que os outros vivam como nós queremos". OSCAR WILDE (1854 - 1900) p.61 


p.69 - É difícil transcender os limites do que o intelecto treinado na área de humanas pode compreender. 


p.70 - Seja finito ou infinito, o universo existe no espaço, imaginável apenas como uma imensidão vaga e incomensurável que vai até onde a mente alcança, mas começa perto de casa. 


RISCOS NATURAIS:

- Acelerador de partículas (acidente)

- Alterações no campo magnético da Terra

- Erupção de um super vulcão

- Impacto de asteroides

- Tempestades solares. p.74


p.77 - Se não conseguimos achar um sentido no universo, como poderemos encontrar um sentido para nós? 


p.79 - Quanto mais o ser humano sabe, compreende e se sente à vontade consigo mesmo, mais ele se sentirá naturalmente parte do todo.


p.85 - Semelhança entre nosso DNA e o dos chimpanzés é de 95 %. Humanos têm 23 pares de cromossomos, enquanto chimpanzés têm 24. (J.R.Britten, 2002)


p.92 - Ninguém teve o objetivo de nascer, não tivemos controle sobre a nossa estada aqui, a vida é um evento no qual fomos jogados e podemos viver como se não houvesse sentido algum, ou atribuir um sentido a ela.

"O milagre não é voar no ar ou andar sobre a água, é sim andar na terra". Sabedoria chinesa p.93


"Se nós sabemos porque vivemos, nunca teremos problemas em saber como viver". NIETZSCHE p.94


A felicidade é um estado mental determinado por atitude, disposição e temperamento. A felicidade de uma pessoa nunca será a mesma de outra, mas a felicidade de alguém pode contribuir para a de outra pessoa. p. 94


p.96 - "Não depende de outro, mas em vez disso, apoia-te em ti mesmo. A verdadeira felicidade nasce da autoconfiança". MANUSMRITI (Código de Manu) texto hindu do séc. 2 a.C. 



p.96 - É possível ser mais feliz recorrendo a três medidas simples:

1a. Sorria mais, visto que sorrir, independente de você se sentir feliz ou não, pode melhorar o humor.

2a. Cultive uma sensação de gratidão pelo que você é e pelo que tem.

3a. Encontre algo útil para fazer, de preferência para alguém menos feliz que você. 


p.97 - A esperança é um estado mental que parte de uma disposição otimista e também gera uma sensação promissora de bem-estar. É a atitude positiva que está costurada no tecido de nossa personalidade.

De modo semelhante à fé e ao amor, a esperança só funciona melhor com um determinado grau de maturidade, quando já acumulamos experiência de vida suficiente para nos permitir saber quando a esperança está no lugar errado.


p.99 - 100 - O livre-arbítrio supõe que agimos de acordo com nossas decisões voluntárias, sujeitos a influências, mas livres de causa absoluta. A visão determinista alega que todos os eventos, incluindo os da vida humana, são predeterminados por uma permutação de fatores que estão completamente fora de nosso controle.

O determinismo também fornece uma desculpa pronta até para o pior dos maus comportamentos, visto que é possível argumentar que a pessoa não podia evitar o que estava fazendo, pois estava predeterminada ao ato em questão. 


0 que é a mente?

“Mente” é uma dessas palavras, como “bom”, “alma” e “beleza”, que carregaram uma vasta gama de significados desde quando os filósofos gregos pensaram nelas pela pri­meira vez. Para os antigos filósofos, nous, “mente” em grego, significava conhecimento e razão. Para Platão (428-348 a.C.) é a parte racional da alma. Para Aristóteles (384-322 a.C.) eram os aspectos passivo e ativo do intelecto — sendo a ver­são de Platão imortal e eterna. A mente não pode ser exa­minada de modo isolado, e a filosofia ocidental sempre se concentrou na forma como ela se relaciona com o corpo — isto é, se a mente pode ou não funcionar e existir indepen­dentemente do corpo, sendo, portanto, capaz de sobreviver à morte. Seja lá qual for essa relação, a mente está associada ao pensamento: é o “lugar” onde recebemos e processamos nossas experiências.

Para René Descartes (1596-1650), a essência irredu­tível de uma pessoa era a consciência, da qual o ato de pensar era uma prova. Tal consciência era a única certeza expressa em sua famosa frase “penso, logo existo”. Embo­ra Descartes reconhecesse “o pensar” como essência da vida humana, ele também reconhecia objetos materiais, que não pensam por si mesmos; nem o fato de pensarmos nesses objetos confirma a existência deles. A distinção de Descartes entre a entidade pensante e “as coisas” deu ori­gem ao que ficou conhecido como dualismo cartesiano. Subsequentemente, a maioria dos outros filósofos procu­rava buscar soluções para essa distinção aparentemente ir- reconciliável. Baruch Spinoza (1632-1677), por exemplo, argumentava que o mental e o físico são dois aspectos da mesma realidade subjacente. As religiões orientais, embo­ra trabalhem a partir de diferentes premissas, adotam a superação do dualismo como busca central, vendo a cons­ciência do mundo como uma ilusão, o que faz dessa dife­renciação um esforço inútil.

A relação entre a mente e o corpo também é uma preo­cupação fundamental dos psicólogos, para quem a mente é o meio através do qual nós vivenciamos, percebemos e nos comunicamos. E como não podemos sair dela, ela é o único meio que temos. Para os psicólogos, a mente é uma máqui­na imensamente complexa, fonte de todos os pensamentos e comportamentos. Ela pode ser pensada como a soma total de todas as atividades cerebrais, como tal, não existe num local específico do cérebro. O fato de a mente permanecer difícil de definir é demonstrado pela forma na qual os psi­cólogos trabalham, de fora para dentro: eles começam com o comportamento humano, o único dado disponível que se pode observar, e a partir dessas observações eles deduzem como a mente funciona em vez do que ela é. A partir dos comportamentos eles podem “observar” nossas emoções, lembranças, percepções, sonhos, desejos, crenças, ambições e valores. Tais observações e deduções são a matéria-prima do que é considerado como “a ciência da mente”.

“O que chamamos de mente é apenas um conjunto ou coleção de diferentes percepções, unidas por certas relações, conjunto que se supõe falsamente ser dotado de uma perfeita simplicidade e identidade.”

David Hume (1711-1776)

Ouvimos falar muito da “força da mente” para se referir a nossa vontade e resolução. Nosso “estado” mental pode nos deixar doentes, mas também pode nos devolver à saúde e de­terminar 0 fracasso ou o sucesso. Como o poeta John Milton (1608-1674) disse, “a mente é seu próprio lugar e, dentro de si, pode fazer um inferno do céu, do céu um inferno”.

 Podemos conhecer a própria mente?

Passamos a maior parte da vida lendo a mente dos ou­tros. A partir do comportamento, das expressões faciais, do que dizem e de como eles vivem, nós captamos sinais que interpretamos quanto aos sentimentos, às opiniões, cren­ças etc. Quanto mais próximo o relacionamento, maior a probabilidade de a nossa leitura mental ser precisa. Algu­mas pessoas têm um relacionamento próximo o bastante a ponto de saber o que a outra está pensando. Isso pode ser intuitivo ou, mais raramente, uma forma de leitura da men­te conhecida como telepatia.

Podemos ler ou conhecer a própria mente? Se pos­sível, como fazemos isso? A pergunta corre em paralelo a outra sobre autoconhecimento. “Conhece-te a ti mesmo” era a frase famosa inscrita num templo em Delfos. A reco­mendação foi assumida por Alexander Pope (1688-1744): “Conhece-te a ti mesmo; não tenhas a presunção de pode­res perscrutar Deus. O estudo adequado da humanidade é o homem.” Seria pedante fazer uma distinção muito direta entre conhecer a si mesmo e conhecer a própria mente. A mente pode ser entendida como um aspecto do “eu”, o cen­tro absoluto do que somos. Sócrates (469-399 a.C.), para quem a mente era a alma, nos faria olhar especialmente “para a parte da alma na qual reside a virtude”. Contemplar o nosso potencial para fazer o bem, sugere ele, ajuda a des­cobrir a verdadeira natureza da mente. Em outras palavras, para conhecer a própria mente é preciso conhecer não só o que pensamos, mas como pensamos. Conhecer a nossa disposição para pensar de determinadas formas iluminará a mente que estamos tentando conhecer.

Em geral, quando falamos de conhecer a própria mente, pensamos na capacidade de tomar decisões, numa questão de incisividade ou hesitação do seu processo decisório e tam­bém da correção da sua escolha. Mas não é só isso. A men­te, como vimos, é uma ferramenta totalmente diferente de uma pessoa para outra. Nossa mente é única, e é melhor que continue assim. Conhecê-la como uma ferramenta significa saber o que ela pode fazer melhor, suas qualidades especiais e o que a impede de funcionar bem. Investigar a própria mente significa ter noção do quanto nossa inteligência é afiada, um conceito sobre o qual discutiremos mais adiante. Visto dessa forma, não só é possível conhecer a própria mente, como e importante que o façamos, visto que ela é a ferramenta pela qual conseguimos realizar tudo o que fazemos. Podemos descobrir que temos uma mente afiada ou confusa, conceitu­ai ou não conceituai, matemática ou intuitiva, alerta ou debi­litada. Seja qual for o seu tipo de mente, Jiddu Krishnamurti (1895-1986) escreveu que “poucos sustentam ou mantêm a qualidade de uma mente jovem... que não foi contaminada pelos acidentes ou incidentes da vida... uma mente jovem é sempre decididamente nova”. p.101 - 105

A mente está associada ao pensamento: é o "lugar" onde recebemos e processamos nossas experiências.  p.102

p.107 - Inteligência é entre 40% e 80% herdada geneticamente. Arthur Jensen, 1923 - Univ. Califórnia.

"Hoje em dia a fúria pela posse chegou a tal ponto que não há nada no reino da natureza, seja sagrado ou profano, fora do qual não se possa espremer o lucro". ERASMO DE ROTERDAM (1466 - 1536) Filosofo e teólogo p. 110

A dependência da humanidade pela matéria se transfere para as coisas e para o desejo por elas ao ponto de erodir os valores mais nobres ou espirituais. p.110 - 111

p.112 - O transhumanismo é um movimento que defende o uso da tecnologia para erradicar todas as formas de deficiência, sofrimento e até envelhecimento a ponto de considerar a morte involuntária como não sendo mais algo inevitável. Para isso, pesquisas estão usando biotecnologia e nanotecnologia, sendo esta uma disciplina emergente que tem por objetivo controlar a matéria em nível atômico e molecular. O transhumanismo, cujo objetivo consiste no controle absoluto da matéria, põe em risco a nossa humanidade essencial? Em 1983, Vernor Vinge (1944), professor emérito de matemática da Universidade de San Diego, escreveu: “Dentro de trinta anos, teremos os meios tecnológicos para criar uma inteligência super-humana. Logo após, a era humana se extinguirá.” 

p.113 - "O mundo está ficando cada vez mais materialista, e a humanidade está chegando ao ápice do progresso externo, movido por um desejo insaciável de poder e de vastas posses". 14o Dalai Lama 

p.114 - "A coisa mais assustadora é aceitar-se completamente". CARL JUNG (1875 - 1961) 

p.119 - As duas idéias mais comumente associadas ao "espírito" são a de força vital que existe em tudo que é vivo e a noção de um ser incorpóreo que pode se manifestar para nós. A palavra também é usada para se referir a fantasmas, espectros e poltergeits ou a uma força que pode possuir uma pessoa ou um lugar. "Espírito" também é a palavra usada para traduzir o geist de Hegel ( 1770 - 1831), tendo "mente" como alternativa. Para Hegel, o espírito está "sendo" em si e é, portanto, um "eu". O interessante foi ele ter se referido a três tipos de espírito: o subjetivo, o objetivo e o absoluto. O espírito subjetivo é o aspecto da pessoa que independe dos relacionamentos e diz respeito a ideias como consciência, memória, pensamentos e vontade. O espírito objetivo é a pessoa em relação às outras, envolvendo o que é "certo" tanto no sentido jurídico quanto moral. Já o espírito absoluto se ocupa da religião, da filosofia e do "infinito", que não deve ser entendido como um espirito sem limites, e sim, segundo a descrição pungente do filósofo, como alguém que "voltou da sua auto alienação". É desta forma que os três aspectos do espírito humano estão integrados. 

p.130 - "Realização" e "iluminação" são palavras que descrevem perfeitamente o que acontece quando o indivíduo revela seu "eu" original e puro.

p.132 - "O universo e eu existimos juntos, e todas as coisas e eu somos uma unidade. Quem considera todas as coisas como uma unidade é um companheiro da Natureza". CHUANG-TZU (séc. IV a.C.)

p.133 - Deus está morto no coração das pessoas modernas, morto pelo racionalismo e pela ciência.

- Meu comentário: as pessoas repetem (fora de contexto) apenas a parte mais impactante da frase, que integra uma idéia e um contexto mais abrangentes.

p.136 - De acordo com a filosofia da epigênese, o conceito da evolução espiritual se inspira na crença de que a humanidade participa do processo contínuo da criação, tanto individual quanto coletivamente: nós construímos sobre o que já foi criado, mas cada um de nós adiciona uma contribuição individual e única, cujo valor é determinado pelo nível da nossa espiritualidade. Nós evoluímos espiritualmente ao ponto de termos consciência da inteligência criativa da humanidade, pois quanto mais ela estiver em foco, maior a nossa probabilidade de fazer uma contribuição original. Nós poderemos evoluir espiritualmente apenas quando a epigênese estiver ativa. Quando ela estiver inativa, nós degeneraremos. A evolução espiritual da humanidade está relacionada à evolução física, durante a qual a consciência evoluiu ao ponto de permitir o nosso envolvimento com o que chamamos de “espiritualidade”, bem como outras formas de abstração.

p.139 - "Não é a imutabilidade que torna nossa alma grande, e sim a faculdade de transformação que nos permite ressoar com as melodias de todas as esferas do universo". LAMA ANAGARIKA GOVINDA (1898 - 1985)

p.142 - "CÉU: s. Lugar em que os perversos param de incomodá-lo com conversas sobre os assuntos deles e os bons ouvem com atenção enquanto você expõe os seus".                     AMBROSE BIERCE (1842 - 1913) Escritor e jornalista estadunidense


"Vivemos na ilusão e na aparência das coisas. Existe uma realidade. Somos esta realidade. Quando você compreender isto, verá que você não é nada. E não sendo nada, você é tudo. É isso". KALU RINPOCHE (1905 - 1989) p.144

Precisamos ser capazes de viver de modo confiante, garantindo que o significado e o propósito da vida que adotamos sejam válidos. p.155

"Trabalhe na sua própria salvação. Não dependa dos outros". BUDDHA

O mal é considerado uma inclinação feita de modo consciente e premeditado para causar desgraça, sofrimento e danos a outras pessoas. p.164

"A inclinação ou tendência do ser humano para fazer o bem ou o mal implica que temos livre-arbítrio, e o que fazemos não é causado por nenhuma influência externa, e sim pela escolha consciente". MARTIN BUBER (1878 - 1965) 

p.166 - "O mal é feito apenas através do eu. Só através do eu alguém é aviltado. A prática do mal é abandonada apenas através do eu; e só através do eu alguém é purificado. A pureza e a impureza pertencem ao eu. Nenhum homem pode purificar outro". Ensinamento da filosofia budista

p.166 - "Para ter poder e mantê-lo, é necessário amar o poder; mas o amor pelo poder não está conectado à bondade, e sim a qualidades que são o oposto dela, como orgulho, esperteza e crueldade". LEON TOLSTOI (1828 - 1910) 

"Os seres humanos são mais assustadores quando estão convencidos acima de qualquer dúvida de que estão certos". LAURENS VAN DER POST (1906 - 1996) 

"O homem é um animal crédulo e deve acreditar em algo; na ausência de uma boa base para a crença, ele ficará satisfeito com a má". BERTRAND RUSSEL (1872 - 1970)

A fé e a dúvida precisam uma da outra, não podem existir de modo independente. Como a fé não é certeza, as dúvidas são inevitáveis. A dúvida é apenas uma forma de reconhecer que não entendemos tudo: é a nossa luta com o racional. p. 173

A fé é o caminho, não o fim. Quando seguimos o caminho, a fé é substituída pelo conhecimento. Ensinamento da filosofia budista

Podemos ter fé sem religião, mas não podemos ter espiritualidade sem fé. p.175

"Dúvida não é uma condição confortável, mas a certeza é absurda". VOLTAIRE (1694 - 1778) p. 177

"A prece budista é uma forma de meditação. É uma prática de recondicionamento interno... substituir o negativo pelo virtuoso e nos mostrar as bênçãos da vida". G.R. LEWIS p.182

"Não pense que você necessariamente estará ciente da própria iluminação". DOGEN ZENJI (1200 - 1253) Monge budista japonês

Se fosse possível viver apenas com a razão, a vida seria entediante e sem alma. A razão é a faculdade da mente que coexiste com outras faculdades: as emoções, a imaginação, a intuição e o irracional, todos se combinando para permitir a vida no sentido mais completo possível. p. 195

"A razão é a ordem natural da verdade, mas a imaginação é o órgão do significado". C.S. LEWIS (1898 - 1963)

A fé também é um "órgão do significado" e, assim como a imaginação, em sua expressão mais completa nunca está sozinha, mas sempre de mãos dadas com a verdade que a razão ordenou. p.197

"Não há nada a que comumente os homens sejam mais inclinados do que impor as próprias crenças. Quando os meios comuns falham, eles acrescentam o comando, a violência, o fogo e as espadas". MICHEL DE MONTAIGNE (1533 - 1592)

"A crença move o comportamento, mas geralmente não se baseia na experiência, e, portanto, não busca ou reflete a dimensão íntima da existência humana". NICLAS BERGGREN (1968) Professor e economista sueco p.201 - 202

p.202 - As crenças podem determinar tanto os relacionamentos quanto o comportamento humano. 

p.206 - A ética diz respeito a todos nós como pessoas que vivem em grupos.

p.207 - "A ética... não é nada além da reverência pela vida. Ela fornece o princípio fundamental da moralidade, ou seja, que o bem consiste em manter, promover e aprimorar a vida, e que destruir, ferir e limitar a vida consistem no mal". ALBERT SCWEITZER (1875 - 1965) 

"O mundo é governado pela força, não pela opinião; mas a opinião usa a força". BLAISÉ  PASCAL p. 209

Em virtude de termos nascido humanos, sugere-se que a natureza gravou em nossa mente as regras de conduta moral. Entre elas estão: a necessidade moral, a compaixão e os direitos humanos básicos, que são implementados pela consciência. p.211

CAMINHO ÉTICO: verdade, justiça, paz, felicidade e as condições que garantem os direitos humanos fundamentais. p.219

"Não agimos corretamente porque temos virtude ou excelência, mas as temos porque agimos corretamente". ARISTÓTELES ( 384 a. C. - 322 a.C.) p. 219

"Precisamos tentar ensinar generosidade e altruísmo porque nascemos egoístas". RICHARD DAWKINS (1941) p.220

Toda a verdade é flexível, relativa e sujeita a interpretações e modificações. Lidamos com verdades que não são claramente definidas e em boa parte do tempo nós apenas supomos que o que ouvimos ou lemos é "a verdade". p.223

As obrigações geralmente implicam dever, porque fizemos um compromisso de algum tipo, cujos termos nos fazem determinadas exigências morais. p. 224

"Prepara-te para o dever lembrando-se da tua posição, de quem tu és e do que tu te obrigaste a ser". TOMÁS DE KEMPIS (1380 - 1471)

Nós temos responsabilidade, até onde possível, de proteger a nossa saúde, buscar por educação e sucesso profissional, além de trabalhar para própria felicidade e realização. p.225

Nada nos devora mais do que o rancor e a raiva. p.228

"O amor nos transforma no que amamos". CATARINA DE SENA (1347 - 1380)









 

 


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