MAGEE, Bryan. História da filosofia. 2ª. ed. - São Paulo: Edições Loyola, 2000
MAGEE, Bryan. História da filosofia. 2ª. ed. - São Paulo: Edições
Loyola, 2000
O epicurismo foi realmente a criação de um único pensador, Epicuro
(341 a.C. - 270 a.C.). Seu objetivo acima de tudo era libertar as
pessoas do medo, não só do medo da morte, mas do medo da vida. Numa
época em que todas as formas de vida pública eram imprevisíveis e altamente
perigosas, ele ensinava as pessoas a buscar a felicidade e a realização em suas
vidas privadas.
“Viva incógnito” era uma de suas máximas. Isso estava em
completa desavença com todas as idéias anteriores de buscar a fama e a glória,
ou mesmo de querer algo só aparentemente decente como a honra.
Mas o epicurismo era, num grau incomum, uma filosofia
plenamente estruturada, que tentava abarcar todos os aspectos da existência.
Começava com uma visão da física.
Antes de tudo, Epicuro aceitava o atomismo de Demócrito.
Acreditava que tudo o que havia no universo material eram átomos e espaço, nada
mais.
Já que é impossível para os átomos passar a existir do nada ou desaparecer no nada, eles são indestrutíveis e eternos. Contudo, seus movimentos são imprevisíveis, e nenhuma combinação que formam dura para sempre. Por essa razão, os objetos físicos — que são, todos, combinações de átomos — são efêmeros. Sua vida é sempre uma história de átomos que se juntam e depois, cedo ou tarde, se dispersam novamente. Toda mudança no universo consiste ou nesse processo incessantemente repetido ou nos objetos assim formados que se movem no espaço.
MULHERES E ESCRAVOS INCLUÍDOS
Nós mesmos estamos entre os objetos formados dessa maneira. Um grupo de átomos particularmente sutis se junta para compor um corpo e uma mente na forma de uma única entidade, um ser humano, cuja dispersão final é inevitável. Mas essa dispersão não deve ser temida. Tal dissolução do ser humano significa que a entidade que somos cessa de existir quando morremos, e portanto não existe ninguém que venha a estar morto: enquanto existimos não há morte, e quando há morte não existimos. Tampouco a ninguém podem atingir os terrores com que tantas religiões ameaçam as pessoas após a morte.
“A
morte nada é para nós”, diz Epicuro, e qualquer um que apreender profundamente
esta verdade ficará liberto do medo da morte.
Quanto
aos deuses, Epicuro consegue mantê-los em segundo plano sem negar sua
existência (o que teria sido muito perigoso para ele), dizendo que estão muito
longe e, como deuses, não têm a mínima vontade de se envolver na confusão
perpétua e no rebuliço dos afazeres humanos. Portanto, são inócuos no que nos
diz respeito e deles “nada temos a esperar e nada a temer”. Para nós, é como se
não existissem.
Já que a não-existência é nosso destino inevitável, devemos fazer o melhor da única vida que temos. A voa vida nesta vida, a felicidade neste mundo, deve ser nossa meta. O modo de alcançá-la é desligar-se da violência e das incertezas da vida pública e retirar-se em comunidades privadas de pessoas da mesma opinião. E, como nossa saúde física e a manutenção de boas relações pessoais o exigem, devemos gozar nossos prazeres com moderação, embora nenhuma atividade prejudicial pode ser vista como proibida em si mesma. As comunidades formadas pelos epicuristas para tais propósitos eram em princípio abertas a qualquer um, inclusive mulheres e escravos - fato que atraiu muito antagonismo contra eles por parte da sociedade circundante. Quando o cristianismo entrou em cena, os epicuristas eram anátema para os cristãos, em particular por causa de sua negação da imortalidade e da existência de um Deus benévolo, e também por causa de sua afirmação dos valores deste mundo.
O que nos surpreende acerca do epicurismo e o quanto é semelhante, quase ponto a ponto, ao humanismo científico e liberal do século XX. Foi a primeira versão racionalizada de uma postura de vida que tem sido muito abraçada em nossa época. p.44 - 45
Epicuristas, usavam a caveira como símbolo da mortalidade com uma mensagem implícita:
"Goza a vida enquanto a tens".
"Memento vivere": Lembre-se da vida.
p.45
A QUALIDADE DA COMPAIXÃO
“Todos somos um só – por isso podemos nos identificar uns
com os outros e compartilhar nossos sentimentos. A compaixão é a base do nosso
relacionamento e o fundamento da ética e do amor”. P.142
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