Mente, Cabeça e Coração

 

Mente, cabeça e coração

No Ocidente a tendência é pensar sobre os vários aspectos da consciência mental tendo como base um destes dois lugares: a cabeça ou o coração. Funções como saber, pensar, raciocinar, lembrar e analisar - em outras palavras, funções que a maioria das pessoas geralmente considera mentais, por natureza - são designadas à cabeça. Se alguém tem uma inteligência acadêmica afiada, por exemplo, podemos geralmente apelidar essa pessoa de "cérebro". Quando as pessoas tentam enten­der um problema difícil ou lembrar-se de algo que esqueceram, geralmente coçam a cabe­ça, como se essa atitude pudesse, de alguma ' forma, ajudá-las a impulsionar seus processos de pensamento.

0 centro emocional de seu ser, por outro lado, geralmente é designado ao coração. Quando envoltas por fortes emoções, mui­tas pessoas batem no peito. Geralmente se diz que o amor, a coragem e uma série de outros sentimentos se originam ali. Na verdade, o coração se tornou o símbolo de sentimentos românticos (pense em todos aqueles cartões do dia dos namorados), e a palavra em inglês courage (coragem)

uma atitude corajosa da mente - está relacionada ao termo francês coeur, que significa "coração".

É interessante observar que outros órgãos, além do coração, historicamente já foram considerados como locais de diferentes emo­ções. Na época de Shakespeare, por exemplo, as pessoas viam o fígado como o lugar de ori­gem da paixão. Esse uso sobrevive até hoje no insulto da língua inglesa lily-livered (fígado de covarde), que significa "covardemente" ou "timidamente". Outras expressões como "não ter estômago para tal coisa" ou "fazer das tripas coração" indicam que, em uma de­terminada época, emoções específicas eram associadas a outros órgãos internos.

Observe que essa distinção estrita entre a natureza emocional do coração e as qualida­des mais intelectuais associadas ao cérebro e à cabeça não existem no Budismo. A pala­vra sânscrita chitta é traduzida como "mente," "coração", "atitude" ou "consciência", de­pendendo de seu contexto. Da mesma forma, a palavra japonesa shin também pode ser traduzida como "mente" ou como "coração".

 

 

Quando os budistas falam de desenvolvimento mental, não estão falando sobre ficar mais esperto. O desenvolvimento mental envolve relaxar a pressão que os estados “negativos” têm sobre sua mente e aumentar a força das qualidades “positivas” dela. (Colocamos essas palavras entre aspas, pois “negativo” e “positivo” são apenas termos relativos; não pense que uma par­te da sua mente é inerentemente “boa” e outra parte inerentemente “má”).

 

Impulsionar sua inteligência emocional - para tomar emprestada uma frase que se tornou popular, recentemente - depende, em grande parte, de seu desenvolvimento mental e espiritual.

 

Fonte:

LANDAW, Jonatahn e BODIAN, Stephan. Budismo para leigos. Alta Books. – Rio de Janeiro, 2011. p.29

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