AUDI, Robert. Dicionário de filosofia de Cambridge. - São Paulo: Paulus, 2006. - ANOTAÇÕES DE LEITURA

 AUDI, Robert. Dicionário de filosofia de Cambridge. - São Paulo: Paulus, 2006.


AÇÃO RETA: o estudo geral sobre a ação reta diz respeito aos princípios do certo e do errado que governam as nossas escolhas e buscas. p.300 


BEM COMUM: padrão normativo para avaliar a justiça das organizações sociais, legais e políticas, referindo-se àquelas organizações que promovem o desenvolvimento de todos na comunidade.


CARÁTER: o conjunto abrangente das disposições morais e intelectuais de uma pessoa.


ÉTICA APLICADA, aquele domínio da ética que inclui a ética profissional, por exemplo a ética dos negócios, a ética da engenharia e a ética médi­ca, assim como a ética prática, por exemplo a ética ambiental que é aplicada, e portanto prática como oposta a teórica, mas não concentrada em nenhuma disciplina em particular. Uma das maiores disputas entre aqueles que se ocupam da ética aplicada é a de se existe, ou não, uma explicação geral e universal da moralidade aplicável tanto às questões éticas nas profissões como aos vários problemas práticos. Alguns filósofos acreditam que cada uma das pro­fissões ou cada campo de atividade desenvolve um código de ética para si mesmo, não sendo portanto necessário existir nenhuma relação íntima entre (por exemplo) a ética dos negócios, a ética médica e a ética ambiental. Já outros sustentam que o mesmo sistema moral aplica-se a todas as profissões e a todos os campos. Eles afirmam que o aparecimento de diferentes sistemas morais deve-se simplesmente ao fato de se tornarem certos problemas mais impor­tantes para algumas profissões e para alguns campos do que para outros.

A primeira posição aceita a consequência segundo a qual os códigos éticos de diferentes profissões po­dem estar em conflito uns com os outros, de modo que em matéria de negócios um médico pode achar que a ética dos negócios exigiria uma ação mas a ética médica outra. Engenheiros que foram promo­vidos para cargos de administração expressam às vezes preocupação a respeito da tensão entre aquilo que eles percebem ser sua responsabilidade como engenheiros e sua responsabilidade como adminis­tradores em um negócio. Muitos advogados parecem sustentar que há tensão semelhante entre aquilo que a moral comum exige e aquilo que eles devem fazer como advogados. Já aqueles que admitem uma moral universal sustentam que estas tensões são resolvíveis porque existe somente uma moral comum.

Subjacente a ambas estas posições está a difundida mas falsa opinião segundo a qual a moral comum fornece única resposta correta para todo problema moral. Aqueles que sustentam que cada profissão ou campo de atividade tem seu próprio código moral não se dão conta de que a moral comum permite conflitos de deveres. A maioria daqueles que apre­sentam teorias morais, por exemplo, os militaristas, os kantistas e os contratualistas, tentam elaborar um sistema moral universal que resolva todos os proble­mas morais. Isto cria uma situação que leva muitos na ética aplicada a desconsiderar a ética teórica, como irrelevante para as suas preocupações. Uma opinião alternativa a respeito de uma teoria moral é a de pensar nela conforme o modelo de uma teoria científica, ou seja, como primariamente mais preo­cupada com descrever a moralidade comum do que com criar uma nova versão melhorada. Conforme este modelo, está claro que embora a moral elimine algumas alternativas como inaceitáveis, ela não fornece respostas corretas únicas para toda questão moral controvertida.

Conforme este modelo, diferentes esferas de ação e diferentes profissões podem interpretar o sistema moral comum de maneiras um tanto diferentes. Por exemplo, embora a trapaça seja sempre imoral se não for justificada, aquilo que se considera trapaça não é a mesma coisa em todas as profissões. O fato de não informar um paciente a respeito de um tratamento alternativo é considerado como algo desonesto da parte de um médico, mas o fato de não informar uma cliente a respeito de uma alternativa para aquilo que ela está para comprar não é considerado como deso­nesto por um vendedor. As profissões têm também considerável input dentro do qual se está sujeito a deveres especiais pelo fato de se tornar um membro destas profissões. A ética aplicada não é, portanto, a aplicação mecânica de uma moral comum a uma determinada profissão ou área de atividade, mas uma disciplina independente que explica e analisa as práticas em determinada área de atividade ou em uma profissão, de modo que a moral comum possa ser aplicada. p.304


 

 

ÉTICA PROFISSIONAL, termo que designa ou mais de 

(1) os valores morais justificados deveriam regular o trabalho dos profissionais; 

(2) os valores morais que realmente guiam grupos de profissionais, quer estes valores sejam identificados (a) princípios em códigos de ética promulgados sociedades profissionais ou (b) crenças reais e conduta de profissionais; e

(3) o estudo da ética profissional nos sentidos acima, seja,  as investigações filosóficas) normativas acerca dos valores desejáveis.

As profissões são definidas por competência de "expertise" avançada, organizações sociais, mono­pólios sobre serviços garantidos pela sociedade, e especialmente por compromissos compartilhados para promover um bem público peculiar como a saúde (medicina), a justiça (direito), ou a aprendiza­gem (educação). Estes compromissos compartilhados implicam deveres especiais para prestar serviços dis­poníveis, manter o sigilo, assegurar o consentimento informado para os serviços, além da lealdade para com os clientes, os empregadores, e outras pessoas com as quais se mantêm relações de confiança. Questões tanto teóricas como práticas cercam todas estas obrigações. A questão teórica principal é a de compreender como os valores morais justificados que regulam os valores profissionais se relacionam com valores mais amplos, como os direitos humanos. Os dilemas mais práticos de todos dizem respeito a como equilibrar deveres conflitantes. Por exemplo, o que é que deveriam fazer os advogados quando o sigilo requer que seja mantida em segredo uma infor­mação que pode salvar a vida de uma terceira parte inocente? Outras questões práticas são os problemas da imprecisão e da certeza que cercam o problema de como aplicar os deveres em contextos particulares. Por exemplo, será que o respeito à autonomia do paciente proíbe ou permite a um médico ajudar um paciente doente terminal que deseja o suicídio? Será que ela exige isto deste mesmo médico? Igualmente importante é a questão de saber como resolver con­flitos de interesses nos quais o indivíduo egoísta põe em risco os valores morais. p.307 (M.W.M.)

 


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