VULGARIDADE - ARTHUR SCHOPENHAUER
A vulgaridade consiste,
no fundo, no tipo de consciência na qual a vontade predomina completamente sobre
o intelecto, onde o último não faz mais que estar a serviço de sua soberana, a
vontade. Quando tal serviço não exige inteligência, quando não existem motivos
nem grandes nem pequenos, o entendimento cessa por completo e sobrevém uma
vacuidade absoluta de pensamentos. A vontade sem intelecto é a coisa mais comum
e vulgar que há; algo que todo bronco possui e manifesta quando cai. Esse
estado constitui, pois, a vulgaridade, no qual os únicos elementos ativos são
os órgãos dos sentidos e a pequena quantidade de intelecto necessária para
apreender os dados dos sentidos. Por conseguinte, o homem vulgar sempre está
receptivo a todas as impressões e percebe instantaneamente tudo que se passa ao
seu redor, de modo que o menor som, qualquer circunstância, por insignificante
que seja, desperta imediatamente sua atenção, assim como ocorre com os animais.
Essa condição mental revela-se em seu semblante e no todo de sua aparência
exterior; daí resulta a aparência vulgar cuja impressão é ainda mais repulsiva
quando, como é frequente, sua vontade – o único fator de sua consciência – é
baixa, egoísta e má.
ARTHUR SCHOPENHAUER (1788
– 1860) Filósofo alemão , Sobre o Fundamento da Moral
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