EDUCAÇÃO EM VISTA DE UM PENSAMENTO LIVRE - ALBERT EINSTEIN
EDUCAÇÃO EM VISTA DE UM
PENSAMENTO LIVRE
Não basta ensinar ao homem uma
especialidade. Porque se tornará assim uma máquina utilizável, mas não uma
personalidade. É necessário que adquira um sentimento, um senso prático daquilo
que vale a pena ser empreendido, daquilo que é belo, do que é moralmente
correto. A não ser assim, ele se assemelhará, com seus conhecimentos profissionais,
mais a um cão ensinado do que a uma criatura harmoniosamente desenvolvida. Deve
aprender a compreender as motivações dos homens, suas quimeras e suas angústias
para determinar com exatidão seu lugar exato em relação a seus próximos e à
comunidade. Estas reflexões essenciais, comunicadas à jovem geração graças aos
contatos vivos com os professores, de forma alguma se encontram escritas nos
manuais. É assim que se expressa e se forma de início toda a cultura. Quando
aconselho com ardor “As Humanidades”, quero recomendar esta cultura viva, e não
um saber fossilizado, sobretudo em história e filosofia. Os excessos do sistema
de competição e de especialização prematura, sob o falacioso pretexto de
eficácia, assassinam o espírito, impossibilitam qualquer vida cultural e chegam
a suprimir os progressos nas ciências do futuro. É preciso, enfim, tendo em
vista a realização de uma educação perfeita, desenvolver o espírito crítico na
inteligência do jovem. Ora, a sobrecarga do espírito pelo sistema de notas entrava
e necessariamente transforma a pesquisa em superficialidade e falta de cultura.
O ensino deveria ser assim: quem o receba o recolha como um dom inestimável,
mas nunca como uma obrigação penosa.
EINSTEIN, Albert, 1879-1955. Como
vejo o mundo (1953). Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 11ª ed, 1981.
Comentários
Postar um comentário